Estige.
Antanho, coberto pelo manto da noite,
Sonhava a travessia do Estige, amedrontado.
Caronte levava os mortos, mas me deixava
Na margem viva para eu olhar o outro lado.
Hodierno, o barqueiro me conduz, ida e volta,
No translado dos vivos para a morte,
Como sendo onírico e silencioso olheiro
Da condição dos mortos após suas vidas.
Vindouro, o momento fatal não me amedronta.
Tanto fui e voltei que meu medo sumiu.
Aos que ainda temem, esculpi na outra margem:
Recupere a esperança, você que aqui chega.
Felicidade precisa de recomeços;
Quem os quiser que retorne com o barqueiro.