Emancipação da alma.
Sitiada e imersa no breu da noite e do sono,
Coberta pelo manto turvado e sem dono,
Desperta a alma a se deparar com seu patrono,
Que lhe guarda atento e constante, face a face.
Desacorrentada, a alma recolhe as mensagens,
Codificadas pelas oníricas viagens
Em planos e esferas de espirituais paisagens
Poetizadas (“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”).
De dia, o Espírito encarnado, como habitante
Preso ao brio de fogueira em furna limitante,
Percebe o esboço de si e aprende em cada impasse.
De noite, dormir é jornada dantesca ou calma.
Dormindo, repousa o corpo e se emancipa a alma,
Que flerta a morte viva no afrouxar do enlace.