NA ESTRADA DE DAMASCO * Tela naturalista
Dezembro já chegou, de frio a tiritar.
No desconforto, evoca o assombro de nascer.
Que véu sobre o devir me impede de enxergar
a graça de entrever o tempo por haver?
A dúvida de ser exausta permanece,
desesperando já a minha longa espera.
Ai, que esperança de alma enternecida tece
a remissão no Amor que tudo regenera?
Já chia e já fumega o caldo na panela.
A mesa sonha o pão suado da partilha.
Insone, a noite dói, por látegos ferida.
Desliza a neve na vidraça da janela.
O vento, sem cessar, monótono dedilha
a melodia triste, há tanto repetida…
José-Augusto de Carvalho
19 de Dezembro de 2018.
Alentejo * Portugal