PÓ DO OSSO...
Bem dentro do meu peito - fundo fosso,
Abrigo a minha dor – cruel, severa,
Profunda, habita o fundo de um poço,
deixando na minh’alma a sua cratera!
Repasso a vida inteira, desde moço,
Lembrando a minha sina, as quimeras;
Das nuvens pueris ao pó do osso,
Da chuva e do granizo às primaveras!....
É tarde! Já vai longe a minha vida,
Passando pelas ruas vis, perdidas,
De onde nunca mais irá voltar!...
Calado vou ficando, sem guarida,
Olhando a minha fronte falecida
Olhando a minha alma se arrastar...
Arão Filho
Teresina, 17 de dezembro de 2018.