Lenta e fria - soneto
Desta grande fogueira que ardeu em labaredas
Só restaram punhados de cinzas, ainda quentes.
Algumas fagulhas teimavam em acalorar alvitres
Que hálitos do vento faziam revirar e fervilhar frutos.
Chamas cresceram aos céus, dissipando duvidas
Conflitantes com atos que desdenharam neste fim.
Que as razões fizeram por terminar em andamento
Tentando aniquilar restos que ainda estão acesos.
De tal modo vislumbrei a tristonha queima lenta e fria
Do fogo que ainda, em sopros ardia, consumindo véus
Que estavam sendo arquivados, no arquivo aquietado.
Hoje! Depois da espantosa fogueira destruída, sumida.
Abri a janela, acenei, dei bom dia ao sol, que despontava
No horizonte trazendo em suas saliências, novas esperas