- Hoje sou um jarro velho!
Deixas-te me de lado como se fora qualquer jarro,
No alto da prateleira de um quarto frio de empregada.
Espero que um dia quando o tempo for seu aliado venha,
E tire-me decima desse amontoado de cacarecos sujos.
Passe-me uma esponja para que eu possa voltar a brilhar.
Você sentirá e percebera que será melhor manter-me limpo
Do que largado e sujo enferrujado e sem brilho na prateleira.
Ficarei quieto e obstativo no fundo do quarto naquela prateleira.
Um dia quando entrares haverá de me saudar muito chorosa...
Simplesmente me encantarei e cairei ao chão formando cacos.
Cacos do que passou e ao juntarem todos tu perceberas, sim.
Que nunca haverá de encontrar as palavras gravadas em mim.
Na linha do tempo em que deixei de pronunciar, quase todas.
Então a tristeza haverá de tomar os seus dias mais negrumes.
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