O PADECENTE [821]
O PADECENTE [821]
por João Gomes da Silveira
A lindeza que és é duplamente:
tu a tens em teu ser e aí na alma.
Tens charme universal até na palma
– de Vênus teu fulgor é decorrente.
Em ti ao pôr os olhos, peço calma,
peço calma a mim mesmo, o padecente,
porque todinho em mim rio fervente
escorre na bacia da minha alma.
E o padecente, a suportar horrores,
cai mais por ti, cheinho só de amores,
num frenesi de já perder meu siso.
No epicentro de vendavais, assim,
tua dupla candura aporta em mim:
cobiço em ti o que total diviso.
Fort., 30/11/2018.