ALVORADA CHUVOSA (soneto)

Fulge em nebuloso dia, o cerrado. O céu delira

As nuvens rugem, chora chuva rojando ao chão

Há torrentes de pujança, suprema é a renovação

De gota a gota, banham as folhas da sucupira

Bulcões pintam a paisagem na sua vastidão

O sol miúdo no horizonte quer arder em pira

O bem ti vi na carnaúba saúda com a sua lira

A alvorada, raiando a vida em doce gratidão

E o vento emborcando os galhos da paineira

Rolam no ar, andorinhas, gritam as maritacas

Clangorrando... - e avigora o sertão molhado

Novembro, é o mês das chuvaradas primeira

No tropel alinhado das barulhentas curicacas

Em cinza, em glória, o céu chuvoso no cerrado...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Novembro de 2018 - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 25/11/2018
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6511315
Classificação de conteúdo: seguro