GRILHÕES
Arrasto nos porões das amarguras
correntes e maltrato o tornozelo,
assediado pelas mordeduras
do meu insaciável pesadelo.
As horas nesta cela são escuras
e, preso aqui, nem sei se algum apelo
tu podes escutar, se me procuras,
se os sonhos fazem jus a tanto zelo.
Os passos débeis marcam meu cansaço,
o desalento, a dor em que me enlaço
por culpa do desprezo teu, senhora.
Agrilhoado, aos poucos desanimo,
porque tua fragrância, meu arrimo,
a névoa do abandono leva embora...