Sentença

Quantas são em meu peito as insanidades

por desejar na alma o mundo que não é.

Por ter na vida tantas vontades,

que não as alcançando perde-se até a fé.

Quando as correntes prendem-me nas adversidades

afogando-me nas bravias ondas da maré;

sou o que sou, porém meu anseio não quer.

Queria não ser feito de mim: que terrível inconformidade!

Repelir-se _ como se fosse treva a nascença

Maldizer-se _ como se no espelho morasse o inimigo

impondo-se juízos de demasiado castigo.

É um mal-se-quer que repudia a própria presença

por vezes sou meu próprio carrasco, me persigo,

não amar-se: haverá mais amarga sentença?

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 17/11/2018
Reeditado em 17/11/2018
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