Derradeiro instante
Deitado no colchão rasgado e duro,
as costas já não doem como dantes.
Palco que, se raro play ground a amantes,
deu vez a longas noites de esconjuro.
Velas iluminam o quarto escuro.
Rostos conhecidos ou mais distantes,
que dão ares de festa aquele instante,
aglomeram-se unidos num murmúrio.
A prece que escuto, nem sei se escuto...
Ecoam bocas desse ou doutro mundo.
Monocórdio lamento que traz calma.
Em mim palavras parecem de luto.
Enquanto pela eterna ausência afundo,
vão-se um último suspiro e minh’alma!