PALAVRAS AMORDAÇADAS
Lançadas nas medonhas profundezas
de abismos onde o amor dorme em jazigo,
as juras que não tenho mais comigo
fenecem sob o jugo de incertezas.
Despencam, destruídas, as belezas
de um cálido romance e desobrigo
um pobre coração do atroz castigo
de te esperar e deglutir rudezas.
Porque com abandono me escalavras
preciso mesmo amordaçar palavras
para enterrar de vez no esquecimento.
Se os alaridos desse jeito calo,
decreto logo a morte de um vassalo
para buscar, enfim, renascimento.