Soneto solidão

Madrugada é a tristeza disfarçada de silêncio,

e o silêncio é o mais absurdo volume ao solitário

que ouve apenas seus pensamentos vazios

e recolhe-se nas linhas de suas mãos.

A solidão é um labirinto formado por espelhos sem reflexos,

seu refletir é a própria solidão,

calada ao sussurro esfriando a nuca

e jogando os sorrisos na maré mais profunda.

Os passos da solidão são tão intensos,

lembrando uma corrida sem fim a lugar algum,

parou no tempo ou em tempo nenhum.

O calor da minha alma sopra ar frio,

sopra toda uma dor no aperto da mão

recebendo de volta um suspiro, solidão.