O SILÊNCIO DA ESCURIDÃO
O SILÊNCIO DA ESCURIDÃO
Quando chega o tempo da escuridão
O som do silêncio produz a semente
E o último raio de luz entoa a canção
Revelando todo desencanto da gente
A terrível visão se confunde na mente
Volta a sentir o torvo medo da solidão
As trilhas ficaram estreitas novamente
A chuva silenciosa anuncia a reclusão
Na longa noite fria começa a proibição
Pois caminhar é como atirar no escuro
Cada passo à frente fica mais inseguro
É preciso acreditar no som do coração
Nem tudo na vida é tão ruim e obscuro
Pensar otimista para enfrentar o futuro
Marco Antônio Abreu Florentino
Soneto que marca o primeiro dia do ¨tempo da escuridão¨, expressão figurativa usada devido a eleição, em 28/10/2018, de Jair Messias Bolsonaro como presidente do Brasil. Tem sido muito utilizada como referência ao seu iminente governo considerando tratar-se de um político profissional que nunca teve experiência no poder executivo e que sabe empregar, com habilidade, uma retórica discursiva agressiva, politicamente incorreta, preconceituosa, discriminatória e de natureza tirânica.
O que se espera dele com a chegada ao poder e consequente regulação natural do sistema, é que tudo não passe de bravatas, representações e encenações de caráter estratégico eleitoreiro, respeitando e fazendo respeitar a constituição, as instituições e o indivíduo em seus direitos básicos universais, tornando o Brasil um país menos ruim de se viver.
É o que todos torcem, pois só assim essa enigmática, sinistra e fria noite escura não demora a passar, afugentando o boi da cara preta.
https://youtu.be/duDYz9L5JTA
(Acalanto - Dorival Caymmi)