Soneto sangrando

Flutuo perdido em meus anseios

Meus pés afundam nas estradas em chamas

Já não sinto o gosto do calor

Sou o próprio, na fantasia da agonia.

Quando sentia meu horizonte afastar-se

Recolocava-me no singelo eixo

Mas, agora, eu observo a partida

Sem tristeza alguma da solidão.

Sou o lual oculto na chuva

A poeira que marca algo algum

Passeando por olhos invisíveis e tão escuros.

Há remendos em meus contos e sonhos

Cicatrizes nem tão superficiais

Sangrando todos os dias, cada vez mais