ARAR A TERRA, SEMEAR DE NOVO
“Dedicado a Álvaro Giesta”
Não andarás, por certo, com´ Amália roufenha…
Todo o poeta também ganha “ervas daninhas”
Tendo de suar, oh sim, as suas estopinhas
Se quiser recuperar os frutos que não tenha.
Assim é. Com receio que o lucro lhe não venha,
Todo o bom lavrador traz o chão nas palminhas
Para, na hora em que retornem as andorinhas,
Arar a terra, semear de novo, lançar a senha…
E o poeta? P´ la terra das suas emoções
Ao sentir-se com as palavras por um fio,
Porque não aproveita a brisa de um pousio
Pra refrescar, arejando as suas intenções?
Todo o poeta, o bom poeta, é peregrino
Levando à sua volta as musas benfazejas
E, mesmo pressentindo ao largo mil invejas,
Verá, de novo, um sol e um claro figurino.
As asas do poeta são asas d´ honradez –
Umas auspiciosas, outras de amorfia –
Mas toda a sua alma, respirando poesia,
Abre-lhe o sonho e dá-lhe luz de lés-a-lés!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA