SONETO NA CONTRA MÃO

As notas soavam tristes no violão

Palavras sem sabor compunham a letra

Da canção que o compositor tocava

Os versos que ritmavam sua canção

Como se russa, desenhassem uma roleta

Que o peito do cantor despedaçava

Era saudade, uma música cinzenta

Acordes dissonantes, desencontrados

A água límpida do rio ficou barrenta

E o instrumento do músico desafinado

A melodia que brotou neste momento

Desfocou a partitura do maestro

Que regeu sua orquestra neste soneto

De trás pra frente e mão esquerda, quando era destro.

Nota do autor: Este poema foi escrito em 2008. Em 2014 ele foi musicado e gravado por Luiz Caldas com o título de ROLETA RUSSA.