A VELHA RODA DE FIÁ
Eu vi a minha vó e a minha mãe fiar assim,
Para mim, estas senas não são estranhas,
Trazem recordações, saudades tamanhas,
Até das roças de algodão, o nosso jardim!
Antes descaroçavam capuchos de algodão,
Separando a lã daquelas sementes escuras,
E da lã se fazia novelos de linhas tão puras,
Para fazer cobertores e panos de colchão.
Esta é aquela velha roda, a velha roda de fiá,
Que rodava sempre assim, quase sem parar,
Com a força dos pés daquelas velhas fiadeiras,
Nas mãos a lã passava a ser linhas e novelos,
E depois em tecidos coloridos para os modelos,
Nos velhos tempos das tecelãs e das tintureiras.