Devolva
Pode ir, mas devolva-me primeiro:
Cada beijo que um dia eu lhe ofertei,
Cada verso de amor que eu recitei
Na partilha de um mesmo travesseiro.
Eu lhe peço devolva cada cheiro
Que com tanto carinho eu já lhe dei,
E os momentos mais ternos que o amei
Contemplando o seu corpo por inteiro.
Aí mesmo da porta eu peço ainda...
Me devolva a ternura mais infinda
Que eu só pude sentir no abraço seu.
E então vá! Feche a porta e vá embora,
Mas se um dia voltar, na mesma hora...
Eu devolvo o desprezo que me deu.
Lucélia Santos