N'UMA NOITE D'ESSAS

N'UMA NOITE D'ESSAS

Entre doses de vodca e solidão,

O poeta olha a puta o provocando

Até se perguntar, de quando em quando,

Se estava lá por tédio ou por tesão.

A puta está ali por profissão

E lhe vem, rebolativa, ao seu comando.

Sorri e bebe o qu'ele está tomando

Sabendo causar tórrida impressão.

Ela derrete o gelo nos seus lábios

E, com voz maliciosa, então diz

Fazer o poeta um pouco mais feliz.

Mas ele, mesmo d'olhos menos sábios,

Declina de usufruir d'essa beleza,

Temendo ter a dar tão-só tristeza...

Belo Horizonte - 08 10 2018