Soneto Neurótico
perdida na sala do espelho
vi ali algo - brilho escondido
cintilante, tão vivo e ardido
o ouro reflexo do cego
seu aceno distante e belo
embriaga em tanta clausura
desnuda-me toda a augura
engendrada no lume do ego
habito o rol escuro do averno
num sonho alto de fábula rara
em hipnose de almíscar e cedro
somem, céu e terra, de perto
e ainda com asas de fada, sinto-te
contraido-me a sinapse do nervo