SAPATOS GASTOS
Os meus sapatos vão ficando gastos,
Já não conhecem os caminhos idos,
Esses extremos, sem saída, vastos,
Tenebrosos, mais tortos e perdidos.
São trilhas espirais, rumos nefastos
Que me trazem fantasmas conhecidos,
Mudo a direção, tento, luto, afasto-os,
Mas do meu lado seguem percebidos.
Um pouco ando, parecem estar perto.
Suporto ainda um passo, um outro passo,
Quase sinto a chegada, desacerto
Meu caminho, repetem, ameaço
Parar, no entanto, estamos pari passu,
Em círculos, criando outro deserto.