ABULIA
Se nada mais merece o verso puro,
Se toda curva é sempre sem surpresa,
Paisagem que se torna beco escuro,
Renúncia disfarçada de defesa...
Se jamais cumpro as coisas que Te juro,
Se esta dúvida insiste em ter certeza,
E me persegue o mal que não procuro,
Banquete de miséria em minha mesa...
Se não tenho mais fé... Se já não lembro...
Quando foi mesmo... Agosto, abril, setembro?
Se não há volta e a morte é quem me diz...
Eu pasmo em dúvida ante o tempo em frente...
Por que choro se sempre fui contente?!
Por que sorrio se nunca fui feliz?!