SOMBRA (soneto)

Sofro... Vejo envasado numa angústia furiosa

Todo a poesia que tive na intenção esmerada

Abandona-me ao criar, e a alma ficou calada

No ter a exaltação, e a inspiração é vagarosa

Criei..., mas tive prosaico, e trama enleada

O desdém que sufoca, e a simetria penosa,

Sombria, numa chama ardente e dolorosa.

Que fazer pra ser bom, nesta vil jornada?

- Amar? - Perdoar? Eu ser apenas prosa?

Não sei, sei que amei, perdoei, mais nada,

Porém, não tive todo este mar de rosa...

Em sangue e fel, o coração me só é cilada

Remordo o papel, branco, em ter gloriosa

Chamada. E só vejo a quimera em retirada.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Setembro de 2018 - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 26/09/2018
Reeditado em 30/10/2019
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