A janela

Por trás dos vidros da janela, uma noite se prende

Entre pequenas faíscas e se desintegra no vazio

De um medo/olhar, cansado e trôpego, pretende

E rompe o nada e a mágoa do intenso/frágil frio

Um corpo, em aparente sabor amargo, se estende

Sob um lençol sem cor, sem dor, somente o cio

E uns passos em silêncio gemendo no alpendre

Sob máscaras de um vendaval antigo e sombrio

Os vidros embaçam ante a cor de um sopro e a

Possibilidade de um beijo deveras impossível

Em outras manhãs e improváveis dias a mais

Um desejo assim entre um tempo inexprimível

Maior do que a eternidade e os rios/vendavais

A janela, a noite e todo o sonho que se quer/cria

João Barros
Enviado por João Barros em 24/09/2018
Reeditado em 25/09/2018
Código do texto: T6458054
Classificação de conteúdo: seguro