A janela
Por trás dos vidros da janela, uma noite se prende
Entre pequenas faíscas e se desintegra no vazio
De um medo/olhar, cansado e trôpego, pretende
E rompe o nada e a mágoa do intenso/frágil frio
Um corpo, em aparente sabor amargo, se estende
Sob um lençol sem cor, sem dor, somente o cio
E uns passos em silêncio gemendo no alpendre
Sob máscaras de um vendaval antigo e sombrio
Os vidros embaçam ante a cor de um sopro e a
Possibilidade de um beijo deveras impossível
Em outras manhãs e improváveis dias a mais
Um desejo assim entre um tempo inexprimível
Maior do que a eternidade e os rios/vendavais
A janela, a noite e todo o sonho que se quer/cria