SACRILÉGIO
Cinéreo céu, que a tua dor retém,
Num mar de crises, brutas e indomáveis,
Nos sofrimentos, crus e intermináveis,
E em tom marsala flui e pulsa; advém
Das impurezas, d'alma, que convém
Profanar leis, e as artes memoráveis,
No falso 'credo', os atos imputáveis,
Fere a moral, e a tudo contravém.
Feridas tais, são chagas do pecado,
Ofensas duras, contra o Pai Eterno.
Ao sacrilégio é vã qualquer desculpa!
Arrependei-vos, ou será fadado,
A merecer o fogaréu do inferno...!
"Tua consciência, lembra a tua culpa"!
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Magnífica interação do exímio POETA CARIOCA. Grata!
A OFENSA
Nasce a profanação no mar de ofensas,
Numa onda gigantesca de cardume,
Soldados do sarcasmo no azedume,
Disseminam maldades mui propensas!
A manifestação sagrada e intensa,
Exerce o seu poder, o seu perfume,
A vela num salão - um vaga-lume!
Conclama a rezação das recompensas!
Triste de quem devasta um bem sagrado,
Pois que, na breve dor, será sangrado,
Experimentações da penitência!
E quem com ferro fere, cai chagado,
À fúria do ocultismo despachado,
No claustro da malvada displicência!