ASAS DE BORBOLETA
ASAS DE BORBOLETA
Quem me tocou roubou-me de mim mesma.
Co'as asas aleijadas, não me movo,
Pois sempre a reviver tudo de novo;
Triste e pálida feito uma avantesma...
Não regrido à lagarta, sim à lesma!
(Por mim, regressaria antes até do ovo...):
Tudo envelhece ainda muito novo;
De luto em flores roxas de quaresma.
Como pôde enodoar-me por capricho?
Como?! Abandonar-me que nem lixo,
Quando pousada alvíssima entre os lírios?!...
Por cupidez estúpida e malsã,
Não fez mais que deixar sem amanhã,
Minh'alma obscurecida com delírios...
Belo Horizonte - 10 09 2018