INSTINTO
Já procurei e espírito nenhum,
Nem nas tripas, na fétida carcaça,
Nos sonhos débeis - se restou algum,
Ou na esperança, tanto mais escassa.
Nada achei, a não ser desertos, um
Vazio dentre a espessa carapaça.
Viva ausência, forma mais comum
Do nada, parte da mortal desgraça.
A minha força, meu sopro de vida,
Tal qualquer animal só por instinto,
Preservo ainda por pouco à medida
Dos perigos, ameaças. Obstinto
Em ver um outro dia, a sucedida
Ação do mal em mim, tão indistinto.