CADÊNCIA
Noite movendo meu rosto no espelho,
Um fantasma vagando pela casa,
De susto paro um estalo do joelho
Quase em ponto o relógio lento atrasa
Sabe de tempo esse velho aparelho
Parece eterno quanto que defasa
Horas que engana o fim bem mais parelho
A existência que tanto atenaza.
Que inveja dessa súbita cadência
arrastando os ponteiros, leve o passo.
É tão difícil o tom e a frequência
ao perceber-se feito de cansaço,
morrendo em cada sonho a pertinência
de cada hora o sentido tão escasso.