CADÊNCIA

Noite movendo meu rosto no espelho,

Um fantasma vagando pela casa,

De susto paro um estalo do joelho

Quase em ponto o relógio lento atrasa

Sabe de tempo esse velho aparelho

Parece eterno quanto que defasa

Horas que engana o fim bem mais parelho

A existência que tanto atenaza.

Que inveja dessa súbita cadência

arrastando os ponteiros, leve o passo.

É tão difícil o tom e a frequência

ao perceber-se feito de cansaço,

morrendo em cada sonho a pertinência

de cada hora o sentido tão escasso.

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 03/09/2018
Reeditado em 21/06/2021
Código do texto: T6438702
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