DESTINO USURPADOR / FINGIMENTO (dueto)

DESTINO USURPADOR

Minh'alma entediada chora a dor

Da tua ausência, tanto... Noite e dia;

Velando no meu peito essa agonia,

Por tudo o que viveu o nosso amor.

Mas quis o tal destino, usurpador,

Fazer de nossos dias u'a letargia;

Sem ímpeto, sem paz, sem alegria...

Os dias são cruéis... Não há calor!

... Quando parti, eu trouxe abrasado,

Todo esse teu amor, juntinho a mim,

Fingindo o meu amor ter acabado;

Mas nada do que fiz chegou ao fim...

Meu coração é palco iluminado,

Paixão timbrada, em rico folhetim.

(AILA BRITO)

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FINGIMENTO

Uma terna artimanha tuas tramas:

Um doblez teu amor a mim findado;

Fugaz meu inumar no afogo, um fado

Fortuito o qual me olvide, em rogo clamas!

Que te tala a paixão por mim proclamas

E me exumes da angústia, este sepulcro,

Que em teu colo me afagas, tenho um fulcro,

Faze-me, ao teu instinto, arder em chamas!

Não mais me logres com farsante fuga

Que o meu amor por ti jamais foi nuga,

Nem deixes que se finde sua essência!

Na artimanha do amor sê tu mais forte

E ao teu mero querer, qu'eu te conforte,

Não fomentes quem te ama com dolência!

(DILTONRB)

(Grata, ao exímio poeta DILTONRB, pela bela parceria.)

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Belíssima interação do Gran Poeta Carioca. Grata!

LÁSTIMA

Indecifrável coração se esconde,

Pela mania arisca no refúgio,

Esquiva-se no ardil de um subterfúgio,

Face a dificuldade... Mas, para onde?

Vibra a ânsia à guisa do ápice indizível,

Adentra o claustro o amor fazendo "doce",

Num valhacouto o anis, nossa erva-doce,

Planta e colhe, adorável e sensível!

Neste interregno magistral reflete,

Chora a ausência, conclama a quem compete,

Revendo a cena outrora divertida...

... E estranho à solidão, sem quem complete,

O vácuo do destino se repete,

Sofrendo na iminência da partida!

Aila Brito
Enviado por Aila Brito em 01/09/2018
Reeditado em 02/03/2019
Código do texto: T6436427
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