PERCEBER

Rio, 06/05/92.

Límpida escoa a água

Pela mão que a leva a boca,

Aflora do coração a mágoa

E forma nos olhos a poça.

Cai a lágrima dos olhos

E de mistura da terra ao pó

E o pó que chora com olhos

E os olhos que olham sem dó.

A água passa suave

E alisa os seixos do rio

E ouço o cantar de uma ave.

Ouço o ranger da mó

E as palmas do pássaro

Que levanta voo só.