adeus ao mundo
Neste instante crítico, na magra hora
Da partida, sinto um vazio no crânio
Horripilante tremor instantâneo
Na fronte o beijo da negra senhora.
Impera a noite e não desperta a aurora
Navego dentro de um caixão ebâneo
Num curso gelado e subterrâneo
Rumo ao oceano placentário de outrora.
Invejo a sorte mesquinha de um cão
Roendo ossos na completa escuridão
Vadio, macilento e com olhar terno.
Da barca sombria digo adeus ao mundo
Saúdo a reciclagem do verme imundo
Fecho os olhos e durmo o sono eterno.