ATÉ O DIABO GOSTA DO ALGARVE
Ainda não é Dia de São Bartolomeu,
Em que o Diabo gosta de andar à solta,
E já o dito, acompanhado por escolta,
Na serrania de Monchique apareceu.
Aproveitando este calor que está de volta
Na onda do turismo todo s´ envaideceu
E, no Verão do Algarve, ledo à costa deu
Agindo forte e feio nas chamas da revolta…
Não é das belas praias que ele se enamora,
Não é p´ las belas gentes que ele se enfeita
Mas é p´ la verde serra, em que ele se ajeita,
Que cobra aqui e além biscatos hora a hora…
Passa por todo o lado e ouve-se: oh diabo!
Atravessa p´ las ruas e ouve-se: xó diabo!
Encavalita-se nos ventos e ouve-se: é o diabo!
Bate em todas as portas e ouve-se: vá pró diabo!
É quezilento e gaba-se de não ter entrave…
O tal diabo, quando vem é devorador,
E em todo o lado espalha a miséria e a dor
Porque este Diabo gosta mesmo do Algarve!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA