CASAS SEM ALMA
Casas abandonadas, que o destino deixou
Em desérticas aldeias à beira do fim,
Solidão de quem passa por um vazio ruim,
São as “casas sem alma” que o tempo levou.
Não há flores no abandonado jardim
Nem água na ribeira que já há muito secou,
Deixando ao abandono o sonho que findou
Que já se não avista em absurdo frenesim…
Casas e aldeias que fizeram a sua história,
Por lá passaram traços d´ aventura humana,
Quem sabe se por bem, ou apenas se insana
Entre as encruzilhadas vácuas da memória.
Casas sem alma e vidas sem destino activo,
Aldeias esvaziadas, sem ninguém, sem dono,
Deixadas já ao deus-de-ará e ao abandono
De uma saudade resgatada em sangue vivo.
Aldeias, casas sem alma e vidas fantasmas
Vagueando por aqui e por ali, cedo ou tarde
Transformando-se num ténue fogo qu´ arde
Em histórias de contar, de quimeras e sombras…
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA