SONETO DO ESPELHO DO PRÓPRIO EU
O excelso, mudo olhar, de quem o chama,
vendo su'alma toda, munda, esmola,
de costa p'ra o finito, o fim controla
e no eterno tal fé, as graças clama.
Estão se vendo enquanto o dó assola
a lembrança do espelho ao pé da cama
na única pessoa que proclama,
vendo-se neste instante e se consola.
Ei-lo de si chamante em puro acorde
na música de fundo, toca a vida,
e se lembra de tudo, nada o acorde.
Traçando como foi a comovida
arte em mais que viver e que transborde
de um preclaro existir d'alma despida.
O excelso, mudo olhar, de quem o chama,
vendo su'alma toda, munda, esmola,
de costa p'ra o finito, o fim controla
e no eterno tal fé, as graças clama.
Estão se vendo enquanto o dó assola
a lembrança do espelho ao pé da cama
na única pessoa que proclama,
vendo-se neste instante e se consola.
Ei-lo de si chamante em puro acorde
na música de fundo, toca a vida,
e se lembra de tudo, nada o acorde.
Traçando como foi a comovida
arte em mais que viver e que transborde
de um preclaro existir d'alma despida.