RETRATO DA VELHICE
Um olhar tão opaco e entristecido
Na flacidez dum rosto tão cansado;
Um sorriso escasso e esmaecido
De quem já não vê nada engraçado;
Todo o peso do tempo já vencido
A cair sobre o corpo encurvado;
E a cada passo curto e dolorido,
A lentidão cansada do enfado...
Tendo as paredes como confidentes,
Sente os dias passando tão dormentes,
No marasmo implacável da mesmice;
E a morte, outrora tão impensável,
Agora é a paisagem indispensável
Neste túrbido retrato da velhice.