Por que torturas-me com visões e sofismas 
se o arauto da minha trova não atinge
tua insensível surdez de carcomida esfinge,
quando em sonhos velo oníricos prismas?

- Quem és tu, alma que me desdenha e cinge?...
És o carma, e a razão das minhas cismas;
visão bizarra que de tão bela abisma,
ignota mulher que me arrebata e finge!

Num almo transe me enlevo em teu regaço
a me perder no tempo e pelo espaço
na estulta ilusão de decifrar o enigma.

E ao despertar, num gesto incerto e indeciso
teteio num abraço o teu corpo impreciso ,
somente o vácuo frio ulcera-me a barriga.