UMA ROSA E UM ALVORECER

I

No surgir da aurora primeira

Caminhava eu tão simplesmente

Quando avistei em minha frente

Aquela tão bela roseira.

Como perfumava a estrada inteira

Então peguei uma rosa somente

Sem saber que meu ato inocente

Causara tamanha ciumeira.

Ao longe escutei uma voz chorosa

Me suplicando para não tirar a rosa

Por tudo nesta vida tão sagrada

Pois a roseira era seu paraíso

E cada rosa um sorriso

Daquela que foi sua amada

II

Era um homem, pobre coitado

De semblante fúnebre e dolorido

Dono de um olhar tão sentido

Que me deixou impressionado

Me falou de seu passado

De um amor que havia perdido

Logo após o grande pedido

Ela o deixara abandonado.

Em seu leito de morte lhe fez prometer

Que nunca , jamais iria esquecer

Da roseira que plantaram com sentimento

E como prova de seu amor verdadeiro

Transformou-se em um solitário jardineiro

Que até hoje cumpre seu juramento

III

Curioso por me ver naquela hora

Ele então me indagou:

Por que é que o senhor

Caminha junto com a aurora?

Lhe respondi como sem demora

Que eu era um poeta sem inspiração

Pois não tinha mais minha grande paixão

E que hoje não sorrir, mas chora

É caminhando com o alvorecer

Vendo sempre o sol nascer

Que minha dor consigo amenizar

Compreendo que Deus existe de verdade

E por maior que seja nossa saudade

Ele sempre está ali para nos consolar.

Igor da Silva Chaves
Enviado por Igor da Silva Chaves em 30/07/2018
Reeditado em 23/02/2024
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