UMA ROSA E UM ALVORECER
I
No surgir da aurora primeira
Caminhava eu tão simplesmente
Quando avistei em minha frente
Aquela tão bela roseira.
Como perfumava a estrada inteira
Então peguei uma rosa somente
Sem saber que meu ato inocente
Causara tamanha ciumeira.
Ao longe escutei uma voz chorosa
Me suplicando para não tirar a rosa
Por tudo nesta vida tão sagrada
Pois a roseira era seu paraíso
E cada rosa um sorriso
Daquela que foi sua amada
II
Era um homem, pobre coitado
De semblante fúnebre e dolorido
Dono de um olhar tão sentido
Que me deixou impressionado
Me falou de seu passado
De um amor que havia perdido
Logo após o grande pedido
Ela o deixara abandonado.
Em seu leito de morte lhe fez prometer
Que nunca , jamais iria esquecer
Da roseira que plantaram com sentimento
E como prova de seu amor verdadeiro
Transformou-se em um solitário jardineiro
Que até hoje cumpre seu juramento
III
Curioso por me ver naquela hora
Ele então me indagou:
Por que é que o senhor
Caminha junto com a aurora?
Lhe respondi como sem demora
Que eu era um poeta sem inspiração
Pois não tinha mais minha grande paixão
E que hoje não sorrir, mas chora
É caminhando com o alvorecer
Vendo sempre o sol nascer
Que minha dor consigo amenizar
Compreendo que Deus existe de verdade
E por maior que seja nossa saudade
Ele sempre está ali para nos consolar.