Como quem ara solo calcinado
na vã espera de colher a safra,
lavra o poeta na seara escassa
como se a pena lhe fosse arado.

Na terra fértil, grãos multiplicados, 
lavor feliz pita elos de fumaça
enquanto lanço o verbo em cova  esparsa
no afã dos louros em que a vida é fado

A infausta hiléia nega o ventre à rima,
aborta a semente, obsta, calcina,
Jaz o poeta e a rima encerra;

Leva da vida vida sonhos e utopia,
A glória só virá sob lousa fria
quando o  cio da morte adubar a terra.
Lobato de Andrade Iran Lobato
Enviado por Lobato de Andrade Iran Lobato em 29/07/2018
Código do texto: T6403589
Classificação de conteúdo: seguro