CONFISSÃO LUNÁTICA
“Lisboa, às 22:22 horas” (*)
Está no espaço a nobre Lua centenária,
Tanta gente com os seus olhos bem alerta
Mirando-a curiosa, tão vermelha e esperta,
Como que seja uma visão extraordinária…
É um tal eclipse estranho da face lunária,
Com sol e marte por companhia secreta
E a terra a voltear numa sombra discreta,
Eis a lua de Verão, perdida e solitária.
- Ó Lua, por quem andas perdida, por quem?
- Ando a ver se encontro na terra um poeta
Pois sei que a Poesia está fazendo dieta,
E esse é o meu fado… mas não o digo a ninguém!
- Coitada de ti, Lua… andas nisto há cem anos
E não encontras poetas no reino dos humanos?
- Quem és tu, ó lunático, fazendo versos?
- Sou Eu, faço poemas, ainda que controversos!
- Ai poeta, poeta, livra-te dessa Poesia:
Não olhes para mim e deixa-te de fantasia!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA
(*) – Noite de 27-07-2018