VELHAS E NOVAS TENTAÇÕES
“No Reino de Leviatã”
Eu subi à mais alta montanha do mundo
E recriei os meus poemas com carinho
Mas cruzei-me com Leviatã pelo caminho
Que m´ ordenou com o seu vozeirão imundo:
- Pra que não tenhas um descalabro profundo
Manda que os teus poemas se voltem para mim
E se transformem em doce pão e marfim…
- Oh, nem só com palavras vive o poeta jucundo!
Leviatã insistiu: - Repara para os meus ares
E para este meu rentável provimento,
Terás, à minha imagem, insondável talento
Se aos meus pés, submisso, te ajoelhares…
- À Poesia, e somente a ela servirás!
E o insensível Leviatã teve a ousadia
De me desafiar sobre aquela penedia:
- S´ és bom poeta atira-te daqui! Não te ferirás…
- Fora, ó Leviatã! Ó amaldiçoado espanto,
Afasta-te para longe deste meu horizonte!
Não tentes à POESIA, neste sagrado Monte,
Pois nela, e só nela, mora este meu Canto!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA