VELHAS E NOVAS TENTAÇÕES

“No Reino de Leviatã”

Eu subi à mais alta montanha do mundo

E recriei os meus poemas com carinho

Mas cruzei-me com Leviatã pelo caminho

Que m´ ordenou com o seu vozeirão imundo:

- Pra que não tenhas um descalabro profundo

Manda que os teus poemas se voltem para mim

E se transformem em doce pão e marfim…

- Oh, nem só com palavras vive o poeta jucundo!

Leviatã insistiu: - Repara para os meus ares

E para este meu rentável provimento,

Terás, à minha imagem, insondável talento

Se aos meus pés, submisso, te ajoelhares…

- À Poesia, e somente a ela servirás!

E o insensível Leviatã teve a ousadia

De me desafiar sobre aquela penedia:

- S´ és bom poeta atira-te daqui! Não te ferirás…

- Fora, ó Leviatã! Ó amaldiçoado espanto,

Afasta-te para longe deste meu horizonte!

Não tentes à POESIA, neste sagrado Monte,

Pois nela, e só nela, mora este meu Canto!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 27/07/2018
Reeditado em 28/07/2018
Código do texto: T6402012
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