PARIS/HELSINKI

És o fantasma acreditando ser a lua,

refletido imóvel na superfície do lago,

ignorado na irrelevância da forma nua,

em seu próprio pavor e pranto ocultado.

És a marcha cega e constante das tropas,

indo em direção a qualquer fim do mundo,

trazendo nos bolsos o pesar mais profundo,

e o sangue perdido no solado de suas botas.

És o teatro mais torpe da humana servidão,

vendendo a voz a quem o desprezo é caro,

desimportante à benção que trazes à mão,

Como quem não viu na prece o que há de raro.

Entende-se na inútil espera do lago noturno,

as faces do inesperado e da dor enquanto durmo.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 26/07/2018
Código do texto: T6401111
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