PARIS/HELSINKI
És o fantasma acreditando ser a lua,
refletido imóvel na superfície do lago,
ignorado na irrelevância da forma nua,
em seu próprio pavor e pranto ocultado.
És a marcha cega e constante das tropas,
indo em direção a qualquer fim do mundo,
trazendo nos bolsos o pesar mais profundo,
e o sangue perdido no solado de suas botas.
És o teatro mais torpe da humana servidão,
vendendo a voz a quem o desprezo é caro,
desimportante à benção que trazes à mão,
Como quem não viu na prece o que há de raro.
Entende-se na inútil espera do lago noturno,
as faces do inesperado e da dor enquanto durmo.