A MORTE DA POESIA
Encontra-se o tempo, este palhaço,
oculto no amor das mãos escritoras.
Enquanto fenece-se a turva flor do Lácio,
perdem-se na memória as vozes criadoras.
Agora que é tudo um instante fotografado,
com solecismos de surpreendente espanto,
não há lugar para o reflexo eternizado
do verso medido para servir ao canto.
Fala-se do poeta morto tal comadre
que em genial arroubo pronuncia o improvável.
A necrofilia injusta que aos parvos cabe,
Ultraja a palavra com dissonância detestável.
Resigna-se o artesão, em sua revolta calada,
pois tudo que é feio e mau, há de voltar ao nada.