O viajante
Há certo medo no ar, nos olhos, nos
Gestos... uma sombra que se dissemina,
Insistente e calma pela planície dos
Mundos, como veneno que nos contamina.
Como se a morte, com anjos infiltrados,
Cercasse nossas vidas e nossa sina,
À espera do instante em que, desavisados,
Pisássemos, sem saber, a destrutiva mina.
Essa sensação de sonolência e tranquilidade
É apenas um disfarce para o fim
Imediato, previsto como um viajante,
Que caminha, lentamente e sem saudade;
E seus passos, cansados, já estão pelo jardim.
Ele baterá na porta a qualquer instante.