ETERNIDADE

"Eu faço versos como quem morre."

Manuel Bandeira

Se Bandeira fez versos qual quem morre!

Modestamente, eu os faço qual quem chora!

E na lugubridade dessa hora,

em que o poema em minhas veias corre...

Embriago-me de overdose... E de porre!

Verto o poema que no instante aflora

do meu peito como algo que me devora...

Que me toma, me doma e me socorre!...

Se Bandeira vez versos qual quem chora!

Modestamente, eu os faço qual quem morre

e deixa no amanhã o seu rebento!

Para depois de ter ido embora,

feito o tempo que sempre, sempre escorre...

Ser lembrado também todo momento.

In:Poemais

P.48

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 17/07/2018
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