ETERNIDADE
"Eu faço versos como quem morre."
Manuel Bandeira
Se Bandeira fez versos qual quem morre!
Modestamente, eu os faço qual quem chora!
E na lugubridade dessa hora,
em que o poema em minhas veias corre...
Embriago-me de overdose... E de porre!
Verto o poema que no instante aflora
do meu peito como algo que me devora...
Que me toma, me doma e me socorre!...
Se Bandeira vez versos qual quem chora!
Modestamente, eu os faço qual quem morre
e deixa no amanhã o seu rebento!
Para depois de ter ido embora,
feito o tempo que sempre, sempre escorre...
Ser lembrado também todo momento.
In:Poemais
P.48