INTANGÊNCIA

Tangenciou-me a vida tantos versos emergentes!

Em todas as tangências que não pude desviar...

Vetores dos abraços em veios tão prementes

Chegaram dissipados sem que os pudesse tocar.

Tangenciou-me flor em solo bem ressequido...

Como os desvalidos dum jardim em prontidão

A esperar a chuva tangenciar todo o sentido

Do seu desabrochar, qual flor-criança em gestação.

Tangenciou-me o tempo um vetor tão insensível

De tangência invisível à rigidez de suas mãos!

Tentei tangenciá-lo com o amor tão intangível

Aos tempos que hoje correm sem nenhuma direção.

Tangenciou-me o verso que tão logo foi vencido:

Poesia da intangência de se ser sem explicação.