SONETO DO VAZIO, MAS PELO VERSO E TANTO DIVERSO

Neste vazio de mim foge a poesia
do papel, sem a sua encarnação,
e deixando p'ra lá a dual canção,
rente e fora do amor some a alquimia.

Pois no papel ainda espreme e espia
neste mundo louco entre a pulsação
e o que em mim me recai qual coração,
que se mantém batente nesta via.

E como arrumar tempo para um verso
se o que digo, o que luto e não contesto
pouco fala de mim, me deixa imerso?

Sangrar versos assim é controverso,
porque nasce num EU bastante em resto
e me exige aflorar num quê diverso.