ESTRADAS DE VELUDO
Ao devorar o sumo predileto
que inflama pensamentos e gemidos,
voejo, escuto mimos atrevidos
até perder o senso por completo.
Atinjo o céu, arquejo, desinquieto,
os lábios não controlo, deixo unidos
aos teus, famintos lobos, seduzidos,
servis à calidez do nosso afeto.
Afoitas mãos que fremem entre orvalhos,
levadas pela fúria deste enleio,
procuram, para o clímax, os atalhos.
Enquanto exploro estradas de veludo,
os meus sentidos tontos presenteio
e toda transgressão em ti desnudo.