A MINHA LÍNGUA DURA
Perdoem-me, poetas, a minha língua dura
Mas mentes são despertas somente onde há censura
Correntes são libertas só onde há escravatura
E se a vida é uma guerra, não se deve usar brandura
Que ser perceberia qual seu fio na tessitura?
E o seguiria trêmulo a despeito da conjectura?
Que ser se notaria sem ver a sua loucura?
Mas que sabem os cavalos sobre a ferradura?
Quem é que saberia sobre a verdade pura?
Quem não se enganaria durante a sua procura?
E quem aceitaria sem revolta a sua ruptura?
O que então faria ao saber que ela é obscura?
Que doutor se curaria, indicando a melhor cura?
Quem enfrentaria o perigo de tamanha aventura?