Soneto de aflição
 
Eu hoje vivo à sombra da aflição,
Verduga a castigar-me noite e dia.
No claustro desta amarga solidão,
Vou bebendo o veneno da agonia.

 
Se encontro um novo amor que me recolhe
Nos seus braços com toda complacência,
Não demoro a entender que não se escolhe
O amor que o coração nega anuência.
 
Amanhece e não te vejo ao meu lado...
A saudade arde mais dentro do peito,
E sangra o coração dilacerado.
 
Assim eu vou vivendo o meu calvário,
Pois sei que te esquecer não tem mais jeito.
Sigo então nesta vida solitário.


_______
 
N. do A. – Na ilustração, Perto do Coração de Daniel Gerhartz (EUA – 1965).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 29/06/2018
Reeditado em 30/09/2020
Código do texto: T6376967
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.